quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Folclore no Brasil e no mundo



Podemos dizer, em linguagem simples, que folclore significa estudo do povo nas suas manifestações originais e naturais. Fazem parte do folclore a música, a dança, usos e costumes, expressões de linguagem, contos, lendas, histórias, mitos, provérbios, arte popular, crenças e superstições.

Não é possível identificar nos elementos do folclore seus autores ou suas origens, refletindo-se neles toda a poesia, a ingenuidade, a pureza e a sabedoria do povo.

A palavra folclore é de origem anglo-germânica. Surgiu com o antiquário inglês chamado William John Thoms, em carta dirigida à revista londrina The Atheneum, que a publicou em 22 de agosto de 1846. Diz Thoms esta frase, que depois se tornaria famosa:

"O folclore é mais um saber tradicional que uma literatura, e que se poderia escrever mais propriamente com uma boa palavra anglo-saxônica, folk-lore - o saber do povo".

Nascia aí o neologismo que correria o mundo é daria nome a uma nova ciência, que se organizaria apenas 32 anos depois, ao ser fundada em Londres a Folk-lore Society, em 1878. Dela faria parte, já bastante idoso, William John Thoms.

O radical "folk" provém remotamente do sânscrito (escrituras sagradas antigas), passando pelo grego e pelo latim, até chegar ao inglês e ao alemão. Assim, volgos, vulgus, folk e volk significam, genericamente, povo. "Lore" quer dizer conhecimento, saber, sabedoria. A palavra folclore, portanto, expressa aquilo que o povo sabe, conhece. Atualmente, devemos acrescentar mas poucas palavras para melhor conceituá-lo: o folclore estuda o que o povo sabe sem ter aprendido nas escolas, nos colégios, nas universidades; tudo aquilo que foi transmitido, tradicionalmente, de geração para geração.

Vamos conhecer um pouco mais sobre as temáticas folclóricas brasileiras?

Danças folclóricas de alguns estados brasileiros:
  • Piauí: xerém, coco, baião.
  • Ceará: baião, milindô.
  • Rio Grande do Norte: bambelô e serrote.
  • Paraíba: coco, ciranda, choradinho.
  • Pernambuco: passo (frevo), xaxado, coco, ciranda.
  • Alagoas: coco, xenhenhém.
  • Bahia: samba de roda, lundu.
  • Rio Grande do Sul: prenda, chula (dança desafio), pezinho.
  • Santa Catarina: dança de fitas.
  • São Paulo: fandango, samba de lenço (Tietê).
  • Espírito Santo: dança de velhos, valsinhas e marchinhas.
  • Rio de Janeiro: jongo.
Pessoas dançam o jongo, Rio de Janeiro, 2012. Ricardo Moraes/Reuters/Latinstock.

Lendas

Lendas são narrativas populares, cujas personagens são designadas claramente, dando-se, por vezes, até a sua filiação, e cuja ação se passa em lugar preciso, de que é feita descrição minuciosa. As lendas remontam a Idade Média, mas, no Brasil, foi Couto de Magalhães quem nos legou um precioso livro, O Selvagem, com lendas indígenas brasileiras de incomparável beleza. 

Vamos conhecer uma lenda?

A LENDA DA ERVA-MATE

Contam que certa vez uma das tribos guaranis acampou, por algum tempo, nas encostas de serranias de onde deslizava manso regato.

Um índio muito velho não pôde, porém, seguir o rastro dos guerreiros de seu sangue. Ficou no coração da mata, em companhia da formosa Yarii, sua jovem filha.

Uma tarde de sol, à última hora do dia, chegou à cabana do velho índio um homem estranho, de epiderme escura e com roupas que eram desconhecidas ali.

O velho cacique foi pródigo na hospitalidade que ofereceu ao peregrino. Deu ao estranho carne das caças mais finas e o mel mais saboroso de operosas abelhas.

Recebendo tão generosa acolhida, o hóspede, que era um enviado de Tupã, deus do bem, quis recompensar a bondade de seu hospedeiro. E perguntou-lhe o que mais desejaria para ter dias calmos e o coração sereno.

O cacique pensou, olhou o céu e disse:

- Se fosse possível, queria alguma coisa que me acompanhasse sempre, animando-me a memória e confortando-me o coração. Embora amarga ao paladar, pudesse essa coisa dar-me noites agradáveis em sono e madrugadas belas ao despertar.

Como resposta, a misteriosa personagem plantou, à vista do cacique, uma haste verde na terra. E disse-lhes:

- Bebe destas folhas e terás o desejado.

E voltando-se para Yarii, acrescentou:

- Confio-te a proteção desta árvore. É a vontade de Tupã.

E. desde então, Yarii se tornou a deusa protetora da erva, a Caá-Yarii, e o velho índio, o Caá-Yara, o protetor dos ervais.

Foto integrante da exposição Ka' a - a erva sagrada, que retrata a importância da erva-mate para populações indígenas da região Sul do Brasil, entre as décadas de 1950 e 1980.

Folguedos:

  • Boi de mamão;
  • Cavalhada;
  • Carreira de cavalos;
  • Cordão de bichos;
  • Maracatu;
  • Pastoril;
  • Reisado;
  • Tourada.


Bumba-meu-boi anima moradores do bairro Madre Deus, em São Luís, Maranhão, 2008. Rogério Reis/Pulsar Imagens.


Provérbios

Os provérbios são outra fonte viva do nosso folclore, caracterizando-se como sentença ou máxima que o uso popular consagrou. Vamos conhecer alguns:

  • Com a medida que medires será medido.
  • Certa gente é melhor ter por amigo do que por inimigo.
  • Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
  • Em terra de cego quem tem um olho é rei.
  • Quem vê cara, não vê coração.
Frases populares

Complementam os provérbios as frases populares, que são maneiras de dizer algo de modo conciso, preciso e pitoresco. Veja este rol de frases:

  • Pão, pão, queijo, queijo.
  • Dar com a língua nos dentes.
  • Não ter papas na língua.
  • Comer o pão que o diabo amassou.
Medicina popular

No Brasil, há uma larga prática de benzeduras, ervas, rezas e curiosas superstições. 

São exemplos os chás usados para a cura de doenças. Por exemplo, pariparoba é bom para o fígado; cidreira é calmante; erva-doce é para estômago e intestino; camomila é para resfriado.

Superstições

São crendices que alguns tomam como verdade.

É costume em algumas regiões do país dizer, por exemplo, que não se deve: derramar tinta; cuspir na água; varrer a casa à noite; quebrar espelho; tropeçar na soleira da casa; jogar pão fora; etc.

São considerados objetos que trazem bons ou maus agouros: corujas; pedras; beija-flores; borboletas; amuletos; etc.

Crendices

Chuchu enterrado de manhã bem cedo faz cair verrugas.
Espelho quebrado atirar-se ao mar.

Adivinhações

O que é, o que é?
Tem cabeça, mas não tem cabelo.
Tem barba, mas não tem queixo.
Tem dentes, mas não morde.
Resposta: alho.

Artesanato

O artesanato folclórico é muito variado; por exemplo, trabalho em crochê, rendas, objetos de palha, de cerâmica, de barro, madeira, etc.



Centro histórico de São Luís, Maranhão, 2011. Ale Ruaro/Pulsar Imagens.

Cantigas de roda

Fazem parte do folclore brasileiro cantigas de roda como Ciranda cirandinha, Senhora dona Sancha, O cravo brigou com a rosa, etc.

A música folclórica nasceu do povo, e este a utiliza porque a ele se destina. Ela participa do sentir de cada indivíduo na coletividade. É muito observada em desafios, emboladas, cantigas de ninar, cantigas de trabalho, cantigas de roda, modinhas, danças, jogos e até em alguns rituais religiosos. Muitos são os instrumentos que acompanham essas músicas e danças.

Aqui estão algumas das canções folclóricas nacionais. Se você não souber cantar estas musiquinhas, peça ajuda ao seu pai, à sua mãe, aos tios ou aos professores - são músicas bem conhecidas e podem ser aprendidas facilmente:

Nesta rua

Se essa rua se essa rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante
Para o meu, para o meu amor passar
Nessa rua, nessa rua, tem um bosque
Que se chama, que se chama, Solidão
Dentro dele, dentro dele mora um anjo
Que roubou, que roubou meu coração
Se eu roubei, se eu roubei seu coração
Tu roubaste , tu roubaste o meu também
Se eu roubei, se eu roubei teu coração
É porque , é porque te quero bem
Crianças brincam de roda, São Paulo, 2011. Laureni Fochetto.

 Festas

Entre as festas que fazem parte do folclores brasileiro, destaca-se as juninas. Essas festividades ocorrem sempre no inverno, em praticamente todo o Brasil, sendo dedicadas a Santo Antônio, São João e São Pedro. Caracterizam-se pelas fogueiras, comidas típicas, músicas e danças regionais.

Grupo dança quadrilha no tradicional Arraial do Zé Bagunça, Bueno Brandão, Minas Gerais, 2011. João Prudente/Pulsar Imagens.

Folclore - ilustração de lenda

ATIVIDADE Após a leitura da lenda do boto, que serve apenas como indicativo de muitas outras lendas folclóricas, faça um desenho que ilustre a lenda.

MATERIAL Lápis grafite, borracha, lápis de cor.

A lenda do boto cor-de-rosa - várias versões

A LENDA DO BOTO COR DE ROSA


A lenda do "boto cor de rosa" é mais uma crença que o povo ribeirinho da Amazônia costumava contar que, quando uma moça encontrava um novo namorado nas festas de junho deveria tomar muito cuidado. É tradição junina do povo da Amazônia. Nessas noites se fazem fogueiras enquanto se desfruta de comidas típicas e se dança ao som alegres instrumentos e cantorias. 


Conta-se que em estas noites, quando as pessoas estão distraídas celebrando, o boto rosa aparece transformado em um bonito e elegante rapaz, mas sempre usando um chapéu, porque sua transformação nao é completa; suas narinas se encontram no topo de sua cabeça fazendo um buraco. 


Como um cavalheiro, ele conquista e encanta a primeira jovem bonita que ele encontra e a leva para o fundo do rio, engravidando-a e nunca mais voltando para vê-la. 


Até os dias de hoje, durante estas festividades, quando um homem aparece usando um chapéu, as pessoas pedem para que ele o retire para que não pensem que ele é um boto. E quando uma jovem engravida e não se sabe quem é o pai, é comum dizerem ser "do boto".

Lenda do Boto

De acordo com a lenda, um boto cor-de-rosa sai dos rios nas primeiras horas das noites de festa e com um poder especial, transforma-se em um lindo jovem vestido com roupas brancas. Ele usa um chapéu branco para encobrir o rosto e disfarçar o nariz grande. Nas festas, com seu jeito galanteador e falante, o boto dança, bebe, se comporta como um rapaz normal e  aproxima-se das jovens solteiras, seduzindo-as. Logo após, consegue convencer as mulheres para um passeio no fundo do rio, local onde costuma engravidá-las. Na manhã seguinte volta a se transformar no boto, pois o seu encantamento só acontece à noite. 
Lenda do Boto 
Origem da lenda do Boto, personagem do folclore brasileiro, folclore amazônico, cultura popular, bibliografia indicada
lenda do boto cor-de-rosa Boto cor-de-rosa: uma lenda da época da escravidão

Introdução 
A lenda do boto tem sua origem na região amazônica (Norte do Brasil). Ainda hoje é muito popular na região e faz parte do folclore amazônico e brasileiro.

O que diz a lenda 
De acordo com a lenda, um boto cor-de-rosa sai dos rios amazônicos nas noites de festa junina. Com um poder especial, consegue se transformar num lindo, alto e forte jovem vestido com roupa social branca. Ele usa um chapéu branco para encobrir o rosto e disfarçar o nariz grande. Vai a festas e bailes noturnos em busca de jovens mulheres bonitas. Com seu jeito galanteador e falante, o boto aproxima-se das jovens desacompanhadas, seduzindo-as. Logo após, consegue convencer as mulheres para um passeio no fundo do rio, local onde costuma engravidá-las. Na manhã seguinte volta a se transformar no boto. 
O boto cor-de-rosa é considerado amigo dos pescadores da região amazônica. De acordo com a lenda, ele ajuda os pescadores durante a pesca, além de conduzir em segurança as canoas durante tempestades. O boto também ajuda a salvar pessoas que estão se afogando, tirando-as do rio.

Cultura popular:

- Na cultura popular, a lenda do boto era usada para justificar a ocorrência de uma gravidez fora do casamento.

- Ainda nos dias atuais, principalmente na região amazônica, costuma-se dizer que uma criança é filha do boto, quando não se sabe quem é o pai.

No cinema

- A lenda do boto foi transformada num filme em 1987. Com o título de Ele, o boto, o filme tem no elenco Carlos Alberto Riccelli, Cássia Kiss e Ney Latorraca. A direção é de Walter Lima Junior.

Algumas imagens do boto:





















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