domingo, 6 de abril de 2014

História da Arte - expressividade: luxo e riqueza - barroco


No século XVII, a Europa passou por momentos difíceis, caracterizados pela política absolutista e por problemas religiosos, como a Reforma e a Contra-Reforma. Foi o momento em que se consolidaram os Estados Nacionais europeus e, portanto, surgiram diversas escolas artísticas.

Foi novamente na Itália, porém, embora sob dominação espanhola, que surgiu o barroco, do espanhol barrueco.

O termo barroco exprime uma tendência geral de linhas curvas e quebradas, de abundância de detalhes e de visões cenográficas de grandiosos efeitos. Em sentido figurado, diz-se de toda forma muito extravagante e excessivamente trabalhada.

O barroco teve muita força na arquitetura e na escultura, mas ganhou força também na pintura e em outros setores artísticos. Foi uma depreciação do estilo arquitetônico do Renascimento.

Arquitetura e urbanismo

Os grandes complexos urbanísticos foram favorecidos, bem como as construções de grandes igrejas, praças, oratórios e enormes jardins.

Dois arquitetos, Bernini e Borromini, animaram o cenário barroco da Itália.

A arquitetura, nesse momento, apresentava-se como uma reação às formas ordenadas do Renascimento. Apareceram curvas, arcos decorados, reentrâncias, jogos de luzes.


Praça de São Pedro, no Vaticano, projeto original de Bernini. Foto de Rolf Süssbrich.




Interior de igreja barroca. Altar da Igreja de Santa Maria, Vietnã, Áustria. Foto de Clemens Pfeiffer.

O interior das igrejas barrocas era sempre muito trabalhado, com paredes recurvadas, espaços revestidos de mármore, colunas douradas.

Esses dois arquitetos tinham caráter, cultura e gosto bem diferentes: Bernini era clássico; Borromini usava mais a fantasia.

Escultura

Também na escultura o barroco apresenta expressividade e gosto redundante.

Muita riqueza e materiais preciosos (mármore, bronze, prata, madeira) aparecem em inúmeras peças em alto-relevo, frisas, estátuas, fontes e jardins.


Estátua de Santa Teresa, 1645-1652. Mármore, esculpida por Bernini. Foto de Giovanni Dall'Ortto.

O barroco fora da Itália

Durante sua rápida difusão na Europa, a arquitetura barroca se caracterizou e diferenciou segundo a cultura e a tradição locais. Por Exemplo, na Espanha ela recebeu influência mourisca (árabe), bem diferente do barroco dos Países Baixo (Bélgica e Holanda).

História da pintura barroca

O século XVII foi, para a Europa, um período histórico conturbado, no qual os conflitos entre a igreja católica e a sociedade estão demonstrados na riqueza e na variedade das obras que ele nos legou.

A crítica social, certos preconceitos e o anticlericalismo atingiam até a arte.

Os artistas começavam a viajar muito, o que impedia a formação de alunos em seus ateliês.

O crescimento do comércio derrubou as fronteiras, tornando estreitas as relações entre os diferentes países.

A linha geral era expressar a arte, o que possibilitou a divisão em várias escolas com tendências diversas, mas definidas.

É novamente da Itália que se irradia uma corrente artística de ressonância europeia e mundial: o barroco.

O termo barroco exprime uma tendência geral de linhas curvas e quebradas, de abundância de detalhes e de visões cenográficas de grandiosos efeitos. Predominam no barroco as emoções e não a razão.

O barroco tem mais força na arquitetura e na escultura, mas também ganha bonitos efeitos na pintura. Os tetos pintados estavam em moda nesse período.

As obras exprimem uma visão trágica da realidade, apresentando formas exageradas e grandes efeitos de luz e sombra. Muitas personagens parecem flutuar no ar dos tetos: é o que se chama ilusionismo.





Castelo de Versalhes, símbolo do poder do rei Luís XIV (1638-1715), Rei-Sol da França. Fotos: Jean-Christophe Benoist.

Dentre os pintores barrocos italianos, destacamos: Caravaggio, Tintoretto e Andrea del Pozzo.

Michelangelo Merisi de Caravaggio (1571-1610) tinha um temperamento passional, amava a vida e a liberdade. Ele viveu apenas 38 anos, mas deixou fortes marcas de sua pintura. Trabalhou a luz e a sombra até com certo exagero.



Andrea del Pozzo. O triunfo de Santo Inácio. Afresco da Igreja de Santo Inácio, em Roma. Foto: Giovanni Dall'Orto.

Bélgica

A pintura flamenga de seiscentos praticamente foi aberta por Peter Paul Rubens (1557-1640), pintor e diplomata. Foi um grande retratista. Suas personagens aparecem pintadas com ricos trajes. Sua pintura é luminosa e sensual. Gostava muito de figuras mitológicas, históricas e religiosas. Procurou descobrir vários efeitos cromáticos, como, por exemplo, os efeitos da sombra obtida com cores quentes, que mais tarde serviriam como modelo para os impressionistas, como Delacroix.


Antoon van Dyck. Tríplice retrato do rei Carlos I, 1635. Óleo sobre tela.

Antoon van Dyck (1599-1641) viveu tempos na Itália e na Inglaterra. Retratou o rei e os nobres  da época. Sua pintura apresenta grande harmonia cromática e percebe-se em seus traços certa influência italiana.

Holanda

A pintura holandesa assume no seiscentos sua grandiosidade e maturidade. Predominam as obras de cavalete, de pequeno formato, pelas quais os ricos burgueses pagavam altos preços.

Destacaram-se Rembrandt, Frans Hals, Jan Vermeer, entre outros.

Rembrandt (1606-1669) foi um grande pintor e desenhista. Gostava de fazer retratos em grupo. Além de retratar as personagens, procurava penetrar no ambiente delas. Dava pinceladas firmes e usava cores quentes, pelas quais a luz que entra  no quadro, como na obra gráfica, aparece como uma misteriosa presença.

Pintou temas mitológicos, bíblicos e paisagens, uma novidade para a época. Os seus autorretratos são a sua dolorosa autobiografia. Depois de alguns anos de sucesso, o grande pintor morreu pobre e quase esquecido.



Rembrandt. A ronda noturna, 1642. Óleo sobre tela, 359 cm x 438 cm. Grande retrato coletivo ambientado em pleno dia. Rijksmuseum Amsterdã, Holanda.

França

Grande número de pintores se destacou, entre eles: Louis Le Nain, Georges de Lar Tour, Gallé Lorenese, Pierre Puget, Nicolas Poussin.


Louis ou Antoine Le Nain. Família de camponeses, 1640/45. Óleo sobre tela, 113 cm x 159 cm. Museu do Louvre, França.


Nicolas Poussin. O triunfo de Netuno e Anfitrite, 1610. Óleo sobre tela, 123 cm x 119 cm. Museu de Arte Philadelphia Coleção de George W. Elkins.

Espanha

A pintura espanhola na época do seiscentos está intimamente ligada à Contra-Reforma e à "Igreja Triunfante".

Dentre os pintores espanhóis, destacamos: Diego Velázques, Zurbarán e Murillo.

Diego Velázques (1599-1660) foi o mais célebre pintor da corte. Sua pintura era essencialmente espontânea e dela brotava uma espécie de realismo mágico. Soube trabalhar muito bem as luzes. Com suas técnicas cromáticas, ele deu início também ao impressionismo.

Suas grandes telas se encontram principalmente no Museu do Prado, em Madri, sendo uma das mais célebre o quadro As meninas (1656). Ele mostra personagens da corte com suntuosos vestidos.

Bartolomé Esteban Murillo (1618-1682), segundo os críticos, foi menos dotado que Velázquez, udo pintando mas se distinguiu, sobretudo pintando crianças pobres.

Ainda no período do setecentos predomina o barroco, mas com uma forma mais expressiva, mais trabalhada em detalhes: é o estilo rococó. Rococó é uma palavra de origem francesa (rocaille) que significa "concha" em português. O termo rococó, para muitos historiadores, está dentro do barroco, no período de 1710 a 1780.

O rococó foi um estilo rico e muito usado pela classe dominante, que havia praticamente perdido o contato com o homem e com os problemas sociais que afligiam o homem da cidade.


Velázques. As meninas, 1656. Óleo sobre tela, 318 cm x 276 cm. Museu do Prado, Madri.



Bartolomé Esteban Murillo. O jovem medicante, 1650. Óleo sobre tela, 137 cm x 115 cm. Museu do Louvre, Paris.

Enquanto essa sociedade rica estava longe dos problemas sociais, um grupo de grandes pensadores e escritores (iluministas e enciclopedistas) preparava o panorama da Revolução Francesa, que viria a acontecer próximo ao final do século, mudando completamente a mentalidade social da França e do mundo.

As manifestações artísticas ( arquitetura, escultura e pintura) refletiram os contrastes sociais.











Atividade sobre História da Arte - expressividade: luxo e riqueza - barroco





Atividades:

1 - Descreva em linhas gerais a arquitetura do barroco.

2 - Cite o nome de um escultor do barroco italiano e suas obras.

3 - O que exprime o termo barroco? Mencione dois pintores do barroco europeu.

4 - Escreva o nome de um artista do barroco holandês e um do barroco francês.

5 - O que foi o estilo rococó?

6 - Explique a diferença entre o barroco mineiro e o baiano.

* Ler os textos: História da Arte- expressividade: luxo e riqueza - barroco e O barroco no Brasil. 

* Responder as questões. Em folha sulfite ou almaço. Individual. Com capa. Valor: 2,0.

* Entregar nas aulas semana que vem.


O barroco no Brasil


No Brasil deve ser entendido em acepção bem mais ampla, para abarcar também (ou principalmente) a arte e a  arquitetura do séc. XVIII. Na verdade, esse estilo já se achava no ocaso na Europa quando no Brasil experimentava seu maior florescimento, como demonstram os Doze Profetas, de Aleijadinho, e a pintura em perspectiva  no forro da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, de Manoel da Costa Atayde, uns e outra concluídos por volta de 1808-1809, portanto já no séc. XIX.

O séc. XVIII é considerado a idade de ouro do Brasil (na expressão de Charles R. Boxer), por ser aquele em que se descobriram quantidades significativas de ouro e pedras preciosas, numa região que por isso mesmo se tornaria conhecida como das Minas Gerais. O  fato de Minas ter servido de cenário nesse período para um surto de efervescência artística, não foi mera coincidência. Na América Colonial portuguesa e em zonas de mineração como Ouro Preto no Brasil, se localizaram os principais centros de irradiação artística e cultural.

O barroco brasileiro apresenta-se menos rebuscado e mais sóbrio. Desenvolvido desde cedo por mão de obra negra e principalmente mulata, ficou mais próximo do povo. Essa mulatização do barroco no Brasil acabou emprestando sabor peculiar à arte brasileira do setecentos, nela obviamente também incluída a pintura, transformando-a numa variante dialetal da linguagem original.

Observando atentamente as várias vertentes em que se disseminou o barroco pelo país, ver-se-à que a rigor podem ser resumidas a duas apenas. O barroco litorâneo, de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, e o barroco interiorano, que é principalmente o de Minas Gerais.



Os Doze Profetas. Obras de Aleijadinho na Basílica de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas do Campo, Minas Gerais. Foto de Daniel Cymbalista.


Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Perdões, conhecida como Mercês de Baixo. Ouro Preto, Minas Gerais. Foto de Marcos Peron/kino.com.br

No litoral, o barroco trazido da Europa manteve-se menos independente, mais atado à metrópole. No interior, o estilo viu-se obrigado pelas circunstâncias a adotar soluções próprias, tornando-se mais original. Por isso, muitos estudiosos costumam ver na arte mineira do séc. XVIII a expressão mais brasileira do barroco no Brasil, enquanto a arte da Bahia, por exemplo, conserva-se bem mais "portuguesa". Há ainda uma outra distinção fundamental entre o barroco mineiro e o baiano: este último reflete os gostos de uma sociedade rural aristocrática, sendo,  por conseguinte, mais requintado; enquanto aquele nasce numa sociedade urbana e ideologicamente burguesa, enriquecida a duras penas na mineração e avessa a ostentações.



Interior da Igreja de São Francisco, Bahia. Foto de Ricardo Azoury/ Pulsar Imagens.

No Brasil do séc. XVIII a pintura, do mesmo modo que as demais artes e ofícios, continuava sendo praticada, ensinada e orientada por religiosos jesuítas, beneditinos, franciscanos, dominicanos, terésios, etc.

Sendo esses padres, monges, frades ou irmãos terceiros não somente portugueses, mas também alemães, franceses, italianos, espanhóis, austríacos, belgas e de outras nacionalidades, ocorreu que muitas características e peculiaridades de diversos estilos nacionais contribuíram para o enriquecimento do barroco brasileiro.

Na pintura setecentista brasileira predomina a temática religiosa, embora existam retratos, umas raras decorações de tema profano e até pagão e, ainda mais escassas, interpretações estilizadas da paisagem local. A pintura de cavalete só excepcionalmente foi praticada, com ênfase na pintura arquitetônica. Sobretudo após 1732 experimentou grande desenvolvimento a pintura perspectivista ou invenção jesuítica. Em nosso país, mencionem-se Caetano da Costa Coelho, Manoel da Costa Atayde, José Joaquim da Rocha e João de Deus Sepúlveda, entre outros. Diga-se ainda que raras vezes a pintura trocou a atmosfera de igrejas e convento pelo ambiente familiar. Desempenhando função ao mesmo tempo religiosa e social, poucas pessoas a tiveram em suas moradas, fossem elas palácio ou mansão.



Coroação  de Nossa Senhora da Conceição. Pintura de Atayde no forro da nave da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto. Foto de Werner Hudhart / Kino.

Os pintores setecentistas brasileiros socorreram-se de modelos europeus para produzirem suas próprias composições. Procuraram não em outras pinturas - não as havia por aqui -, porém  em estampas e ilustrações de missais, breviários e livros de horas flamengos, franceses, italianos, etc. Daí resulta a singular dicotomia que oferecem certas obras, nas quais uma composição apurada, segundo os melhores preceitos da arte, contrapõe-se ao desenho ingênuo e ao colorido singelo. Esses modelos europeus emprestam a muitas pinturas brasileiras do séc. XVIII ou já do séc. XIX aparência bem mais antiga: como entender de outro modo que uma obra repleta de pormenores arcaicos ou primitivos, por exemplo, a Ceia, de Atayde, foi na verdade pintada em 1828?

As principais regiões de produção pictórica no séc. XVIII foram Bahia e Pernambuco, Minas Gerais e Rio de Janeiro, seguindo-se outras, como São Paulo, Grão-Pará ou Mato Grosso, em que essa arte não conheceu desenvolvimento particularmente notável. A cada uma destas últimas regiões, embora sejam conhecidos os nomes de vários pintores e a autoria de diversas obras, prevalecem as pinturas de paternidade ignorada à espera de quem as identifique. Tarefa ainda agravada pelo mau ou péssimo estado de conservação em que se encontram quase todas. Além disso, em recibos e termos de empreitadas conservadas em arquivos, há frequentes menções a nomes de pintores, sem que se possa identificar ao certo o autor das obras.

Antônio Francisco Lisboa, escultor e arquiteto (1730-1814), Aleijadinho, como era chamado o famosos escultor, foi um dos ícones mais importantes do barroco. Usava dinamismo e expressividade em suas obras, que lhe valeram lugar de destaque na arte internacional de sua época.

Devido a problemas de saúde não pôde assumir pessoalmente a direção de seus projetos arquitetônicos  e por esse motivo dedicou-se mais à escultura. Suas obras-primas são estátuas de pedra-sabão, que retratam os doze profetas, na igreja de Nosso Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (1800-1805), e as 66 estátuas de cedro que compõem os passos da Via Crucis (1796).

O estilo rococó aparece em Minas Gerais, na Bahia  e em algumas igrejas espalhadas pelos outros estados do Brasil.

Muitas peças do mobiliário da nobreza (época imperial do Brasil) foram trabalhadas nos etilos barroco e rococó.

Era comum peças de credência desse tipo serem usadas aos pares, tanto em residências como em igrejas. Sobre essas peças colocavam-se espelhos e jarrões. A pintura, imitando a chinesa, era o acharoado português.

Além das igrejas, apareceram casas, sobrados, chafarizes, fortes, câmaras municipais e algumas fazendas em estilo barroco no Brasil.


Círculo cromático - cores complementares e cores análogas


O círculo cromático mostra as cores e como estão classificadas. Neste círculo, por exemplo, podemos ver no centro as três cores primárias e, ao lado de cada duas cores, a cor secundária resultante da soma de duas primárias.

Podemos também perceber no círculo cromático a divisão entre as cores quentes e as cores frias.


As cores que ficam ao redor desse círculo são as cores terciárias, ou seja, são cores resultantes de uma secundária, com um percentual maior de uma primária. Como por exemplo, o verde azulado, onde a presença de azul é maior que a do amarelo.

Cores complementares

As cores complementares são as cores opostas no círculo cromático. Elas são chamadas complementares porque temos uma cor secundária que completa uma primária, formando as três cores primárias. 

Veja os exemplos:







O roxo é o complementar do amarelo, porque nele temos a presença do magenta e do azul, as duas cores primárias restantes que completam o amarelo.


O laranja é o complementar do azul, porque nele temos a presença do magenta e do amarelo, as duas cores primárias restantes que completam o azul.


O verde é o complementar do magenta, porque nele temos a presença do azul e do amarelo, as duas cores primárias restantes que completam o magenta.

Cores análogas

As cores análogas são as cores vizinhas no círculo cromático. Observe seu círculo cromático: cada duas cores vizinhas são chamadas de cores análogas.