terça-feira, 26 de agosto de 2014

Conhecendo Heitor dos Prazeres



Heitor dos Prazeres, 1963.


Heitor dos Prazeres nasceu no dia 23 de setembro de 1898, uma década após a Abolição da Escravatura.

Era chamado carinhosamente de Lino, por suas irmãs. Foi crescendo e aprendendo os primeiros passos e as primeiras palavras no convívio daquela família, onde todos procuravam manter a união no trabalho para que pudessem conservar aquele nível social e não acontecesse como em outras famílias negras que, marginalizadas por perseguições raciais e sociais, não arranjavam emprego, moradia e escola e passavam a se agrupar em morros perto dos grandes centros, criando assim as favelas.
Heitor cresceu junto com o crescimento das favelas.
Heitor era negro, franzino e arisco, com gingado de capoeira, e aos 12 anos, já participava das reuniões nas casas das tias.
“Em meio a artistas profissionais do pincel, não faltou quem lhe quisesse dar conselhos. Mas por um sentimento forte preferiu ficar no seu canto, pintando como as coisas lhe vinham à cabeça. Escapou desse modo ao perigo comum aos ingênuos, o de ficar sabido , aprendendo certos truques, amaneirar-se, perdendo os valores expressivos.”
Por iniciativa do seu amigo e admirador Augusto Rodrigues sua tela Festa de São João foi enviada a Londres para participar da exposição coletiva de artistas em benefício da RAF, tendo sido a obra adquirida pela então princesa Elizabeth. Hoje seu nome figura no boletim de divulgação do MOMA, Nova York, ao lado de Portinari, Guignard, Matisse, Picasso, Renoir, Van Gogh, Orosco, dentre outras celebridades.
Jacques Ardies, coautor, ao lado de Geraldo Edson de Andrade, do livro Arte naïf no Brasil, nos esclarece: “NoBrasil, o movimento cresceu a partir de 1937 com Heitor dos Prazeres, Cardosinho e Sílvia. A arte naïf brasileira, portanto, não toma emprestada a inspiração da vanguarda parisiense, mas reflete uma realidade nacional. Sem mimetismo, extremamente rica e variada, é autêntica e, na maioria das vezes, otimista e alegre. Heitor dos Prazeres com exposição de obras e Heitor dos Prazeres Filho; a reedição bilíngüe do livro: Heitor dos Prazeres sua arte e seu tempo e show de Heitorzinho coma terceira geração dos Prazeres, Flávio Prazeres (sax) e Duda Prazeres (percussão), cantando obras suas e do Mestre. Levando a outros centros a arte genuinamente brasileira”.

Dançando o frevo, 1961. TMSC, 29 cm x 22 cm. A.C.I.D.






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