Goya, Autorretrato
de Goya, 1773.
Óleo sobre tela, 58
cm x 44
cm
Coleção privada
Francisco José de Goya y Lucientes,
conhecido como Goya, foi pintor e artista gráfico. Nasceu em Fuendetodos,
Saragoça, Espanha, em 30 de março de 1746, e morreu em Bordéus, França, em 16 de abril de 1828.
Viajou pela Itália em 1771
pintando quadros para as igrejas. Fixou-se em Madri; em 1775 começou a
pintar tapetes e em 1776 foi encarregado de pintar cartões para as tapeçarias
reais. Em 1780 Goya recebeu a incumbência de pintar as quatro conchas da Catedral
Basílica do Pilar. Em 1786 foi nomeado pintor da corte por Carlos III; nomeação
confirmada por Carlos IV. Em 1799, era o primeiro pintor da corte, mas se
retirou em 1808, quando o trono foi ocupado por José Bonaparte. A partir daí
seu trabalho tornou-se incansável.
Em 1800, no auge do prestígio, pintou seus
quadros mais discutidos, Maja desnuda
(Mulher despida), Maja vestida
(Mulher vestida)|e o famoso quadro A
família de Carlos IV, que é um exemplo de como introduzia traços grotescos nas figuras. Em todos, o realismo ora
explode em erotismo, ora se detém na análise desapiedada dos modelos.
Maja desnuda, Francisco de Goya, 1797- 1800 Tinta a óleo, 97 cm x 1,90 cm Museu do Prado
Maja vestida,
Francisco de Goya, 1790-1800 Óleo
sobre tinta, 97 cm
x 190 cm
Museu do Prado
A família da
Carlos IV, Francisco de Goya, 1800
Óleo sobre tela, 280 cm
x 336 cm
Museu do Prado, Madri, Espanha
Em 1814, estava no poder Fernando VII,
mas com a restauração do absolutismo, Goya se isolou na Quinta del Sordo, e, em
1824, mudou-se para Bordéus, na França. Goya pintou também os episódios da
invasão francesa, como o das Execuções do
três de maio, que representa uma cena de fuzilamento de composição insólita.
Sabá das bruxas e Saturno devorando o seu filho são o ápice
da carreira e manifestam uma visão sombria da realidade.
Sabá
das bruxas, Francisco de Goya, 1797-1798
Óleo sobre tela a partir de um afresco, 43 cm x 30 cm
Museu Lázaro Galdiano. Madri
Saturno
devorando o seu filho, Francisco de
Goya, 1819-1823 Tinta a óleo,1,43 cm x 81 cm
Museu do Prado, pintura histórica
Goya foi tão importante na pintura
quanto na gravura, onde pôde manifestar de forma extremamente expressiva o
espírito do humor espanhol, que tende para a deformação e até para o trágico.
Predominam as sátiras
sociais, cheias de sarcasmo, os motivos eróticos e a feitiçaria,
como temas opostos à razão, pois Goya era um iluminista e fustigava as crendices do tempo. O charlatanismo,
a avareza e a vaidade são seus alvos. Emblemática é a obra que traz a inscrição “O sono da razão produz monstros”.
A sátira está, entretanto, ausente na
coleção mais célebre de Goya, Os desastres da guerra (1810-1814), na qual o
artista rememora as atrocidades das invasões napoleônicas na Espanha.
É também a obra mais “heróica”, que exalta os patrícios – sobretudo a mulher –
e mostra a infâmia dos invasores: uma sucessão de mutilações, fuzilamentos,
saques, tentativas de estupro e outros males de guerra.
Goya, Dois
de maio, 1814. Óleo sobre tela, 266 cm x 345 cm
Museu do Prado, Madri
Dentre sua obras, destacamos: Guitarrista cego; Carlos III na caça; Cenas de
São Francisco de Borja; Dr. Peral;
Los caprichos; Mulher vestida e a Mulher
despida; Traição de Cristo; Dois de maio e Execuções do três de maio; Desastres
de guerra; O sabá das bruxas; Saturno devorando o seu filho; Visão fantástica; O guarda-sol, entre outras.
Goya, La vendímia, 1786-87. Óleo sobre
tela, 272 cm
x 188 cm .
Rococó, Museu do Prado, Madri.
Goya, Desastres de guerra (Prancha 3: o mesmo). Série de 82 gravuras
feitas entre 1810 e 1820.
Coleção particular da família Alba,
Madri
Goya, O duque de Wellington (general Arthur Wellesley), 1812-1814.
Óleo sobre madeira, 64,3 cm x 52,4 cm , National Gallery,
Londres
Agora que você já conheceu algumas obras
de Goya e um pouco de sua biografia, vamos analisar a imagem de O fuzilamento
juntos. Preste atenção, pois você fará a atividade seguinte.
Análise da imagem – o fuzilamento
O sentimento de comoção atinge uma intensidade
excepcional como os efeitos de luz sobre os rostos ocultos e os dedos
contraídos. A técnica aplicada, de certa conotação expressionista, situa-se na linha
progressiva e livre do artista Goya. O romântico funde-se com a comoção nesta
tela monumental.
Goya, O fuzilamento do três de maio, 1814. Óleo sobre tela, 266 cm x 345 cm . Museu do Prado,
Madri
A temática
Esse quadro nos lembra a cena dos
fuzilamentos de madrilenhos
no mês de maio de 1808, ano em que se inicia o conflito bélico na França napoleônica. O
artista solicitou que pudesse, em 1814, “perpetuar com o pincel as proezas ou
as cenas mais notáveis e mais heróicas da gloriosa insurreição contra o tirano da
Europa”. As razões pelas quais Goya solicita poder, oficialmente, realizar
esses trabalhos são sua precária situação econômica e, sobretudo, o seu medo
diante das possíveis represálias que poderia sofrer por causa da sua afinidade
com os afrancesados liberais.
Goya pintou essa tela que faz par com
outra, à qual está intimamente relacionada: o Dois de maio. O tema da Guerra da Independência e suas
conseqüências impressionou profundamente o artista, cuja obra se converte em testemunha
daquee acontecimento histórico tão traumático.
A contemplação desse quadro torna inevitável a
lembrança dos Desastres de guerra.
Essas estampas recolhem temas análogos: a injustiça, a crueldade e a dor do
povo suplantam o heroísmo.
Análise técnica e estilística
O realismo está subjacente nessa crônica de um
acontecimento histórico. O drama e a paixão dão livre curso a uma pincelada
violenta que sobrecarrega com maior expressividade a própria agressividade
romântica do tema.
A luz e a cor contribuem, nesse sentido,
acentuando os contrastes entre o bloco impessoal e frio do pelotão e os gestos
representativos da piedade, do terror, da resignação e do desespero, estados de
ânimo encarnados nas figuras das vítimas. Um lampião é a fonte de luz. O pintor
dá protagonismo
aos patriotas diante do grupo homicida, permitindo-nos ver os gestos
desesperados, mas não heróicos, de quem vai morrer. No fundo, uma paisagem
noturna de Madri. No plano intermediário, uma colina que serve de apoio e
contraste com o branco da camisa e o vermelho do sangue, indicadores cromáticos
da cena principal. Os personagens secundários estão simplesmente esboçados, ou
imersos numa sombra cinzenta. Cada gesto define um sentimento, ainda que sobre
todos eles se destaque a impotência representada pelo personagem principal: um
mártir de camida branca com os braços levantados.
Goya, Desastres de guerra (Prancha 27: caridade). Série de 82 gravuras
feitas entre 1810-1820.
Interpretação
A principal controvérsia que suscitou essa obra
entre os historiadores de arte consiste no seu caráter realista. Aqui se
combinaria o realismo, que supõe a narração de um fato histórico, com o
romantismo de sua feitura. O colorido e a pincelada se põem a serviço do pintor
e do espectador para captar e para fazer com que o quadro transceda a uma
situação trágica e solene, com uma forte carga dramática e emotiva. Goya plasma
a tela sentimentos tais como a injustiça diante de uma morte inevitável e o
desespero.
As opiniões são muito díspares.
O que ninguém discute é o caráter emblemático desse quadro; o mais famoso de
toda a carreira
pictórica do artista saragonês.
Um comentário:
simplesmente adoro as obras de Goya!!!! <3 Um dos melhores pintores realistas
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