sábado, 22 de fevereiro de 2014

Interpretação de imagens - Vincent van Gogh


Vincent Van Gogh. Autorretrato, 1889. Óleo sobre tela, 42 cm x 33,7 cm. Museu D’orsay, Paris


 Quando vamos interpretar algo, pensamos em determinar o significado, a utilidade ou ainda adivinhar, traduzir. Isso ocorre, inclusive, quando interpretamos uma música. Para desenvolvermos este tema escolhemos um pintor bastante conhecido e polêmico: Vincent van Gogh.

    Vincent van Gogh, nasceu em 30 de março de 1853, na pequena aldeia de Grost Zundert, ou melhor, no Brabante Setentrional (Países Baixos), atual Holanda. Viveu uma infância pacata. Morou numa casa sombria, até um pouco triste.

    Mostrou-se, desde pequeno, uma criança rebelde, sonhadora e solitária. Sua adolescência não foi muito diferente da sua infância. De família pobre, começou a trabalhar aos dezesseis anos, porém, não como pintor. Aproveitava as horas de folga e visitava os museus. Resolveu a partir das visitas estudar um pouco de desenho.

    Pensava em um dia conseguir desenhar e pintar com o mesmo gabarito de Claude Monet, Renoir e Degas.

   Provavelmente você já deve ter visto obras de Van Gogh. Ele é conhecido por ser um pintor pós-impressionista.

    O que é isso? – você deve estar se perguntando.  

   Vamos conhecer um pouco desse movimento para que possamos entender e analisar melhor as obras de Vincent van Gogh.

   Os pintores do pós-impressionismo pintavam além do que apenas viam, eles pintavam o que sentiam, libertando, assim, suas emoções.

    Eram pintores audazes, desprendidos, que permitiram que novas técnicas, novos temas e materiais fossem usados. A arte pós-impressionista preparou o campo para que novos pintores se sentissem livres a novas criações.

    Os artistas que participaram desse movimento da arte nunca julgaram estar em um novo movimento, apenas sabiam que estavam além dos impressionistas, por esse motivo, muitos não julgam o pós-impressionismo como um movimento, mas sim como um momento de transição da arte.

    A pintura pós-impressionista teve algumas correntes: Georges Seurat, Toulouse-Lautrec, Paul Cézanne, Paul Gauguin e Vincent van Gogh, ao qual dedicamos uma participação especial neste tema.

 Tempo em que Van Gogh viveu... 

     Em 1874, passou as férias com sua família que estava morando em Etten (Paris). Pensava em Paris como cidade luz. Nessa época pouco se sabia das obras dos impressionistas. Estava o artista com 21 anos e a vida agitada o entusiasmava.

    Depois de passar alguns meses em Paris, voltou a Londres e, em seguida, foi para Haia, onde se demitiu da Galeria de Arte Goupil, em abril de 1876.

    Decidiu ser professor auxiliar de francês e alemão, idiomas dos quais não possuía muito domínio. Fracassa e parte novamente para a Inglaterra. O contato com a profissão o levou aos subúrbios pobres de Londres. Ele então decidiu ser religioso, para poder ajudar os pobres. Mas sua vocação estava longe dali, queria mesmo era ser pintor.

 Tempo humano

    “Eu não quero pintar quadros, quero pintar a vida...”

    Nascia em Van Gogh a revelação de sua vocação, queria ser pintor. Em casa, não permaneceu muito tempo, porque, impelido pela sua inquietação, passou a perambular, tinha crises existenciais: ora alegre, ora triste.

    Nesse momento, Paris vivia um momento de explosão artística. Van Gogh devora livros de escritores como Alexandre Dumas, Gustave Flaubert, Vitor Hugo e outros. Visita exposições de Corot e Ruysdael.  

    Começou a desenhar e, em outubro de 1880, inscreveu-se na Academia de Bruxelas, estudando a técnica do desenho e estreitando amizade com o pintor Paul Gauguin. Retornando, por alguns meses, junto ao seu pai, em Etten, começou a desenhar coisas reais, figuras de camponeses. Van Gogh tem 30 anos quando realmente começa a pintar.



Paul Gauguin. Van Gogh pintando girassóis, 1888.  Óleo sobre tela, 73 cm x 91 cm.  Van Gogh Museum, Amsterdã.

 O dia a dia e as obras de Van Gogh 

 Nos anos de 1881 a 1886, retratou, sobretudo, os humildes, inspirando-se na vida dura e miserável dos camponeses. Fez muitos desenhos, mais de 250. Ficou entusiasmado com as novas técnicas – aquarela e tinta a óleo. Seus trabalhos começam a ganhar um tom pessoal.

    Van Gogh trabalhava com ardor em um enorme quarto, que lhe servia de ateliê; ali fazia posar seus modelos, mas a gente da terra olhava-o com desconfiança e sempre com crescente aversão ao seu trabalho. Seus quadros revelam as tonalidades densas, do negro azulado, do betume e dos marrons.

    Ele trabalhou o claro-escuro, a luz e a sombra em contrastes fortes. Contudo, ele já descobre efeitos de luminosidade que o levarão à grande explosão da cor. Ressaltava o aspecto rude dos rostos e mãos que ele retratava. É dessa fase a obra Comedores de batatas.

    Evoluindo na forma de interpretar os desenhos, acabou por evoluir na pintura. Mudou o colorido, que de sombrio se tornou luminoso e, depois, se transforma em uma mistura de amarelo e de azul, como se Van Gogh pretendesse transportar para a tela toda à luminosidade do céu e o calor do sol que haviam faltado a sua mocidade de homem nórdico. Muda também a maneira de entender as cores: a ordem precisa e retilínea dos toques cede lugar às pinceladas concêntricas, como que perturbadas por um furacão, o mesmo que arrebataria a existência do artista. Vincent van Gogh pintou centenas de quadros e de desenhos como se estivesse tomado pela frenética necessidade de exprimir a si mesmo antes que fosse tarde demais.


Comedores de batatas, 1885. Óleo sobre tela, 82,0 cm x 114,0 cm.  Fundação Vincent van Gogh, Rijksmuseum, Amsterdã, Holanda

 O espaço para viver e observar Van Gogh 



 A ponte em Langlois com lavadeiras, maio de 1888.  Oleo sobre tela, 50 cm x 65 cm.  Rijimuseum Kröller-Müller, Holanda.

   Foi em Paris que ele descobriu a pintura impressionista, feita de clores claras, de tonalidades puras. De fato, naquele período em Paris, vinha-se impondo uma nova maneira de pintar, não obstante o ceticismo dos ambientes ainda presos às tradições. E Van Gogh, sempre ansioso por aprender, por experimentar novos caminhos que lhe permitissem melhor exprimir seu mundo exterior, seguia com entusiasmo as novas teorias, especialmente as leis do colorido. 

    Pintou vários quadros, entre eles, Pessegueiro em flor, A ponte de Arles, A Ponte em Langlois com lavadeiras, O carteiro Roulin, O Zoado, Os jardins do mercado. Pintou à luz de velas o quadro Noite estrelada (estava entusiasmado com a beleza das estrelas).

     Outros célebres quadros, pintados em Arles, em setembro de 1888, são Terraço do café e Café noturno. 

    Pintou também: Campos de papoula, Paisagem próxima a Auvers, e retomou a série choupanas, com as telas Chalés em Cordeville, Casas de mineiros, Jardim atrás das casas. Pintou também Seara com gralhas voando.

    Após conhecer um pouco de Van Gogh é hora de fazer uma das análises de suas obras. Observe como Van Gogh se retratou. Perceba as pinceladas e luminosidades que ele deu à obra. Na figura produzida durante o inverno de 1887-1888, o fundo está escurecido na tela. Já na figura referente ao verão de 1887, vemos uma luz que clareia o fundo da tela revelando um Van Gogh pensativo.




 Os doze girassóis. Óleo sobre tela, 91 cm x 72 cm. Acervo de Bayerisch Staatsgemãdesammlung, Munique, Alemanha.


Terraço do café à noite, setembro de 1888.  Óleo sobre tela, 70 cm x 89 cm.  Rijiksmuseum Kröller-Müller, Otterlo, Holanda. 



 Noite estrelada, junho de 1889, junho de 1889, Saint-Rémy.  Óleo sobre tela, 73 cm x 92 cm.  Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA.

 Van Gogh se retratou em várias obras. Foi através do abuso das cores que ele passou a ser um colorista.




 Autorretrato inverno de 1887-88.  Óleo sobre tela, 40,6 cm x 31,8 cm.  Paris, França.


Autorretrato o verão de 1887 Óleo sobre tela, 41,0 cm x 33,5 cm. . Paris, França.

 Van Gogh retratou cenas do cotidiano, como seu quarto, uma igreja, cenas do campo.


 Campo de trigo com corvosÓleo sobre tela, 74 cm x 93,4 cm.



Campo de trigo com ciprestes, 1889. 100,5 cm x 50,5 cm.  Museu Nacional Vincent van Gogh, Amsterdã, Holanda.



 A igreja de Auvers, 1890.  Óleo sobre tela, 93 cm x 75 cm.  Museu d’Orsay, Paris. 



 Quarto em Arles, 1888.  Óleo sobre tela, 72 cm x 90 cm.  Museu Van Gogh, Amsterdã, Holanda.

 O pintor também fez vários quadros de girassóis e lírios, cada um com sua peculiaridade. Observe os quadros de lírios. 



Vaso com lírios sobre fundo amarelo, 1890.  Óleo sobre tela, 92 cm x 73,5 cm.  Galeria Vincent van Gogh.

Vaso com lírios sobre fundo branco, 1889. Saint Rémy. Óleo sobre tela, 71 cm x 93 cm.  Museu Rijksmuseum, Amasterdã, Holanda.

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