segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Conhecendo Candido Portinari

"Sabem por que eu pinto tanto menino em gangorra e balanço? Para botá-los no ar, feito anjos."
Candido Portinari

Candido Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903, na cidade de Brodowski, interior de São Paulo, em uma fazenda de café, onde seus pais eram imigrantes. Frequentou a escola primária, mas sempre manifestou uma grande vocação para as artes, era sempre o escolhido para fazer os cartazes e as ilustrações de trabalhos dos colegas.

Com 9 anos trabalhou como ajudante na pintura da decoração de uma igreja em Brodowski. Ele pintou várias estrelas no céu da igreja.

Quando tinha 15 anos foi para a Escola nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, em busca de um aprendizado de maior qualidade. E com 25 anos recebeu como prêmio uma viagem ao exterior, mais precisamente para Paris. Longe de casa, Candinho como era chamado pelos amigos, sentia muitas saudades do seu país natal e de sua família e então em 1931 decidiu voltar ao Brasil, trazendo uma grande bagagem de aprendizado.  Nesse retorno passa a retratar em suas telas o povo brasileiro, misturando em sua técnica o que aprendeu em Paris com sua personalidade e estilo.

Café, 1925. Óleo sobre tela, 130 cm x 195 cm. Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.

Em 1935 com a tela Café que retrata uma cena da tradicional colheita do café brasileiro, típica da região onde morava, ganha uma Menção Honrosa na Exposição Internacional do Instituto Carnegie de Pittsburgh, nos Estados unidos da América.

Os pés e as mãos grandes representam a força do trabalhador, na obra Café.

Candido Portinari pintou alguns murais e afrescos, entre os anos de 1936 e 1944. Esse tipo de trabalho passou a representar um marco na carreira artística de Portinari, pois a temática social que ele usava começou a ser o grande tema de suas obras daí em diante.

Como todo artista, andava na companhia de poetas e escritores e tinha grande participação na cultura do nosso país.

 Candido Portinari sempre esteve preocupado com a nossa cultura e isso ficou muito bem registrado em seus trabalhos. Podemos ver uma de suas grandes marcas na série "Os retirantes".

Série "Os retirantes". Criança morta, 1944. Óleo sobre tela, 179 cm x 190 cm. Masp, São Paulo.

Série "Os retirantes". Retirantes, 1944. Óleo sobre tela, 192 cm x 181 cm. Masp, São Paulo.

Série "Os retirantes". Enterro na rede, 1944. Óleo sobre tela, 180 cm x 220 cm. Masp, São Paulo.

Ressurreição de Lázaro, 1943. Painel a têmpera/tela, 150 cm x 300 cm. Masp, São Paulo.

Buscou muitas e novas maneiras de pintar temas diferentes que mostrassem, além da dura realidade, os sonhos e as brincadeiras de crianças.

Em 1941, ele pintou quatro grandes murais na Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso em Washington, onde o tema se referia à história latino-americana.

Inspirado na obra Guernica feita por Picasso, em 1943, pintou a série Bíblica com oito painéis, influenciado pelo momento da Segunda Guerra Mundial.

Em 1944, o arquiteto Oscar Niemeyer, convidou Candido Portinari a participar da decoração do conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Pintou também a série Meninos de Brodowski; foi candidato a deputado e a senador e, em 1946 foi a Paris realizar na Galeria Charpentier uma exposição sua, e foi homenageado pelo governo francês.

Meninos na Gangorra, 1960. Óleo sobre tela, 81 cm x 64 cm. Coleção particular, Rio de Janeiro.

Meninos brincando, tela pintada em 1955. Óleo sobre tela, 60 cm x 72,5 cm. Coleção particular, Rio de Janeiro.

Menino com pião, 1947. Óleo sobre tela, 65 cm x 54 cm. Museu Castro Maya, Rio de Janeiro.

Meninos empinando pipas, 1947. Óleo sobre tela, 64 cm x 70 cm. Coleção particular, São Paulo.

Em 1948, por motivos políticos, ficou um período no Uruguai onde pintou o painel Primeira Missa no Brasil, encomendado por um banco do Rio de Janeiro.

Candido Portinari ficou muito conhecido como muralista, e pelas obras de grande porte e teor político que fez, e que foi o único artista brasileiro a participar da exposição "50 Anos de Arte Moderna" em Bruxelas.

Durante sua trajetória fez muitas exposições internacionais e, no Brasil, teve uma grande carreira artística, sendo um dos grandes nomes da Arte Brasileira aqui e fora do país.

Portinari faleceu aos 59 anos, muito jovem para um grande artista, por intoxicação das tintas que utilizava.

Primeira Missa no Brasil, 1948. Têmpera sobre tela. Banco Boa Vista, Rio de Janeiro.


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