Aldemir Martins caracterizou-se pela temática nordestina de suas obras. Acervo particular.
Aldemir Martins nasceu em Ingazeiras (Ceará), em 1922, e faleceu em São Paulo, em 2006.
Transferindo-se na adolescência para Fortaleza, ali deu começo, em princípios da década de 1940,à sua carreira artística, participando do movimento de renovação cultural desencadeado pela Sociedade Cearense de Artes Plásticas, que ajudou a fundar. Mudando-se em 1945 para o Rio de Janeiro, pouco se demorou nessa cidade, pois, em 1946, já se achava radicado em São Paulo, onde desde então transcorreu toda a sua carreira. Foi em São Paulo, em 1947, que obteve seu primeiro prêmio de significação: o terceiro lugar na mostra 19 Pintores, realizada na União Cultural Brasil-Estados Unidos e julgada por Segall, Malfatti e Di Cavalcanti (Grupo dos 19).
Oriundo de uma das regiões mais dramaticamente carentes do país, era compreensível que Aldemir evocasse, nos primeiros testemunhos de sua produção pictórica, temas e motivos pungentes, reveladores das condições subumanas em que viviam - e ainda vivem - tantos nordestinos. E embora muito jovem e inexperiente, sem dispor sequer dos recursos técnicos de que mais tarde se apossaria, é de se realçar a força dramática dos seus quadros da época, nos quais a miséria, a seca, a fome e a doença desempenham o papel principal; força dramática, de resto, que, a partir da década de 1950, cederia, gradativamente, vez a uma crescente estilização e a uma acentuada pesquisa formal, que os tornariam mais bem realizados, sem dúvida, mas menos expressivos.
Com o passar dos anos, Aldemir foi-se definindo cada vez mais como artista gráfico, em detrimento da pintura. E foi como gravador e desenhista que se impôs no panorama de nossas artes plásticas, ganhando prêmios de importância, como na Bienal de São Paulo, em 1955 (Melhor Desenhista), na Bienal de Veneza, em 1956 (Desenho) e, ainda ao estrangeiro do Salão Nacional de Arte Moderna de 1959, graças a ele passou dois anos na Itália.
A temática sofrida dos seus primeiros tempos em Fortaleza e São Paulo foi pouco a pouco substituída por assuntos menos agressivos, de bichos (em especial gatos), aves (sobretudo galos), flores, frutos, cangaceiros e mulheres rendeiras, tratados não mais expressionisticamente, mas de modo mais adocicado. E foram esses assuntos, divulgados por todo o país até como padrões decorativos de louças e tecidos, que terminaram por transformar Aldemir num dos artistas plásticos mais populares do Brasil.
Nos últimos tempos, Aldemir praticou com assiduidade crescente a pintura, sem, contudo, abandonar o desenho, em que melhor se realizou.
A temática de sua pintura é a mesma dos desenhos e das gravuras, apenas acrescida de certas paisagens marinhas nos últimos anos em longas temporadas passadas no Ceará. Mas era natural que um artista todo voltado para a linearidade não encontrasse na pintura seu meio expressivo favorito, e assim, o que realiza nesse gênero pouco acrescenta ao que logrou externar enquanto gravador, e principalmente enquanto desenhista.
Os trabalhos de Aldemir são inconfundíveis por seus traços fortes e cores vibrantes. É um artista que retrata o Brasil, sua natureza e seu povo.
Aldemir trabalhou por toda sua vida, sendo conhecido mundialmente, levando a arte brasileira a outros países. Faleceu em 5 de fevereiro de 2006, aos 83 anos, no Hospital São Luís, em São Paulo.
Todas as obras citadas encontram-se na Casa das Artes Galeria. Rua Bahia, 871 Higienópolis, São Paulo.
Aldemir Martins. Gato azul, 2003. Acrílico sobre tela, 54 cm x 73 cm.
Aldemir Martins. Gato rajado. Acrílico sobre tela, 97 cm x 130 cm.
Aldemir Martins. Marinha. Técnica mista, 38 cm x 45 cm.
Aldemir Martins. Cangaceiro. 70 cm x 50 cm.
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